Nosso conto começou a ser escrito em 2014, quando o destino, com seu toque travesso, me colocou lado a lado com o Professor Antônio para dividirmos uma turma de Ciências Contábeis. Confesso que a primeira impressão não foi das mais encantadoras. Seu jeito sério e aversão a conversas desnecessárias me fizeram vê-lo como alguém um tanto... antipático.
O tempo, porém, tinha seus próprios planos. Semestre após semestre, os diretores do curso pareciam conspirar, insistindo em me colocar como moduladora de Antônio. E, para ser sincera, essa insistência me desagradava profundamente.
Lembro-me de uma noite, no início de uma aula, quando o Professor Antônio chegou à sala com o forro do bolso para fora. Eu o olhava, morrendo de vontade de avisar, mas hesitava, temendo sua reação, afinal, ele era o Professor super antipático. Reuni toda a coragem que tinha e o alertei. Com um gesto brusco e sem ao menos um "obrigado", ele ajeitou o bolso. "Que antipático!", pensei, confirmando minhas primeiras impressões.
Os semestres foram voando, e eis que, para minha surpresa, comecei a encontrá-lo em corridas de rua! O Professor Antônio, o mesmo que eu considerava insuportável, estava nas mesmas provas que eu. "Olha lá, aquele Professor insuportável está aqui!", dizia para minha irmã, em tom de brincadeira.
A vida, com suas reviravoltas, nos trouxe 2020 e a pandemia. E com ela, o primeiro Webinar do Encontro de Economia e Negócios da faculdade. Fui escalada para ajudar o Professor Antônio, que estava organizando a parte tecnológica. Com toda a cautela do mundo, perguntei como poderia ser útil. Ele, com a habitual “simpatia”, pediu para que eu sentasse ao seu lado, garantindo que tudo estava sob controle. Mas o universo, que adora uma boa piada, pareceu conspirar: ao me sentar, acabei chutando a tomada e desligando todos os equipamentos de transmissão! Meu coração gelou. "Estou morta!", pensei. Ele não disse uma palavra, mas pude ver a fúria em seu rosto, uma cena de dar calafrios.
No primeiro semestre de 2022, o destino nos uniu novamente em uma disciplina. Como sempre, ele me colocava sentada em algum canto da biblioteca, pedindo para que eu apenas observasse. Aos poucos, fui tentando puxar conversa, até que, finalmente, conversamos sobre uma pedalada no final de semana, o último do semestre. E assim fizemos. Contudo, minha bicicleta resolveu dar problema na metade do percurso. Ele, num gesto de puro cavalheirismo, ofereceu sua bicicleta emprestada. Deixei a minha na casa dele e segui com a dele.
Terminamos o passeio, cada um foi para sua casa. Entramos de férias e eu fui viajar. Só retornei no final do mês, e foi quando mandei uma mensagem para trocarmos as bicicletas. Combinamos uma corrida no domingo, para aproveitar e fazer a troca. Assim foi: corremos e, ao final, ele me convidou para um café. Eu, então, ofereci um cappuccino em minha casa. E foi ali, naquele momento, que a magia começou. Conversa vai, conversa vem, e quando percebemos, já era hora do almoço. Convidei-o para ficar.
Durante o almoço, as horas voaram. Descobrimos uma infinidade de coisas em comum: quase a mesma idade, o mesmo mês de aniversário, ambos pais de um filho, e uma paixão compartilhada pelo samba. Mas o ponto que nos uniu de verdade, o elo que selou nosso destino, foi a paixão mútua por um cantor guatemalteco pouco conhecido no Brasil: Ricardo Arjona. A surpresa em nossos rostos foi indescritível! Naquele dia, mostrei minha coleção de CDs, assistimos a incontáveis vídeos de suas músicas, e ele me contou tudo o que sabia sobre o cantor. Passamos horas a fio, perdidos em um universo de melodia e cumplicidade.
Ao final daquele dia memorável, a ousadia tomou conta de mim. "Você está sozinho?", perguntei. Ele, com um sorriso, confirmou. Sem hesitar, completei: "Se você está só e eu também, ah, então vamos ficar juntos, o que você acha?". E assim, com a leveza de um sussurro e a força de um destino traçado, iniciamos nosso namoro.
Em 15 de outubro de 2023, nosso amor floresceu em um noivado, e no dia 25 de outubro de 2025, selaremos nossa união no casamento. Por isso, eu digo com todo o coração: "Nós somos feitos um para o outro, de encomenda, como a chave e a fenda, como a luva e a mão. Nosso amor é kamassutra, é juventude, é demais, parece um grude, corpo, alma e coração."